quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

SEGUNDA VIAGEM - QUISSAMÃ:
Terra fértil entre o rio e o mar.

E então vieram 7 capitães
Encontraram os índios
E viram que um deles era diferente.
Não era um índio.
Era um negro.
Negro de nação.
Negro da África.
O que fazia ele aqui?
Ninguém sabe.
Ninguém soube.
Nem mesmo os 7 capitães
(homens que tudo sabiam ou pensavam que sabiam).
Talvez o naufrágio de um navio negreiro.
Talvez outro motivo qualquer.
Uma só palavra o negro repetia e não cansava de repetir.
Um apelo,
Talvez um lamento:
- Kisama! Kisama!
Evocava, clamava o africano.
- Me leva de volta! Devolve meu chão!
Soava Kisama desespero.
E gravava a palavra nas pedras deste lugar.
E batizava essa terra com o nome da sua.
E fundava uma África dentro de nós.
                                                                                           20-2-11
Contação no Cine Quissamã para 163 crianças da rede pública de Quissamã.

O Cine Quissamã faz parte do Centro Cultural Sobradinho, um antigo casarão construído em 1870, que já funcionou como sede do cartório e dos correios da cidade, foi restaurado e transformado em centro cultural.

ÁFRICAS

ÁFRICAS


"O Homem da cabeça de papelão" - de João do Rio.
Contação de Histórias para professores e alunos do ensino médio.


Eu e meu amigo e fiel escudeiro Angelo Miguel à sombra de um baobá.

Os baobás, embondeiros, imbondeiros ou calabaceiras, como também são conhecidos é uma árvore nativa da ilha de Madagascar na África. Ele chega a alcançar alturas de 5 a 30m e até 11m de diâmetro do tronco. Destaca-se pela capacidade de armazenamento de água dentro do tronco, que pode alcançar até 120.000 litros. Alguns têm a fama de terem vários milhares de anos, mas como a sua madeira não produz anéis de crescimento, isso é impossível de ser verificado: poucos botânicos dão crédito a essas reivindicações de idade extrema.
Oração ao Baobá

Óh, árvore ancestral!
Óh, benção de Olorun!
Céu e terra unidos por ti.
Corpo transcedental
Suas raízes são tentáculos sagrados
a conectar nossas vozes ao infinito,
ao colo de Deus.

Baobá és rei na floresta.
Nossa casa,
Nossa água,
Nosso corpo,
Nossa alma.

Baobá degredado,
És só na terra do Pau Brasil.
De ti fizeram algoz.
De ti fizeram dor.
Grilhões que ferem nossa pele
Cravados fundos em ti.

Colado meu corpo ao teu
Somos um só.
Só um
Ser de luz.
Sangue e seiva
a pulsar em nossas veias.
A nos lembrar que estamos vivos
E que vivos seremos eternamente.

20-2-11
Lembrança feita ali na hora com flores de Baobá e folhas de Palmeira, por Jonathan do Museu Casa Quissamã 

Encontro com contador local Maycon Elioberto que contou a história do Sobradinho com um livro de pano confeccionado por ele e pelos alunos.
Espaço Lazer e Cultura na Praia de João Francisco - Quissamã - RJ





Um comentário:

  1. Já trouxe pro meu rosto o primeiro sorriso do dia!!! Que delicia esses olhos atentos curiosos das crianças, essas gargalhadas... Ah, esse seu chapéu de alegrias tem mesmo que correr o Brasil todinho!
    Não é a toa que quando conto "Havia um menino que tinha um chapéu..." e pergunto o nome do menino ouço 'Gabriel' aos montes!!! Ainda apresento você, pra uma platéia bem cheia, com esse poema...

    Abraços,

    Poly

    P.S.: CARAMBA!!! UM BAOBÁ!!!

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